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DESFRUTAR A LIBERDADE DA VIDA

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Costuma-se dizer que é melhor estar sozinho do que mal acompanhado, e que é melhor uma solidão digna do que tentar manter um NÃO amor ao seu lado. Entendemos “NÃO amor” como esses casais que só se alimentam de insatisfações e nos quais reinam sentimentos negativos que se apoderam da liberdade emocional dos seus membros.

É comum, em algum momento das nossas vidas, cairmos em relacionamentos ruins, pois desde a mais tenra infância aprendemos que o casal ideal tem que ser do tipo “não posso viver sem você”, “sem você a minha vida não teria sentido”, “sem você eu morro”, etc.

Se analisarmos estas frases iremos perceber que desatam uma avalanche de pressões e de exigências sobre a outra pessoa e sobre o relacionamento em si, que pode chegar a nos dominar e esgotar o nosso eu interior.

Por isso, quando chegamos ao ponto de enfrentar um relacionamento insano, precisamos reaprender uma coisa que deveríamos ter muito clara: a única pessoa de quem preciso para viver sou eu mesmo. Nem mais, nem menos, isto é bastante simples. Não existe amor sem amor próprio.

 

Frogs enjoying their time in summer

O medo de estar sozinho nos amarra a relacionamentos ruins

 

A princípio, o medo de estar sozinho na vida é uma questão adaptativa, positiva e saudável. Contudo, como em tudo, existem certos limites que não devem ser ultrapassados. Concretamente o de se submeter à dor e aguentar todo tipo de sofrimento para evitar a separação.

Muitas pessoas, em conseqüência da educação recebida e das experiências vividas, sentem grande desespero frente à ideia de se sentirem sozinhas no mundo, o que as impulsiona a se envolverem em relacionamentos disfuncionais.

 

Texto de Maria Teresa de Calcutá que fala sobre isto é verdadeiramente perturbador.

 

Woman and sunset

 

Existem pessoas que têm um cônjuge mas se sentem tão sozinhas e vazias como se não o tivessem.

Existem outras que, por não esperar, decidem caminhar ao lado de alguém errado e, no seu egoísmo, não permitem que esse alguém se afaste mesmo sabendo que não o faz feliz.

Existem pessoas que sustentam casamentos ou noivados já destruídos, pelo simples fato de pensarem que estar sozinho é difícil e inaceitável. Existem pessoas que decidem ocupar um segundo lugar procurando chegar ao primeiro, mas essa viagem é dura, desconfortável e nos enche de dor e abandono.

 

ALGUMAS FRASES E PENSAMENTOS SOBRE AS PAIXÕES

 

O homem livre de paixões não pode ser aprisionado pela existência física ou pelas condições da vida mundana, assim como o vento não é capturado por uma rede. O desejo se torna fraco do mesmo modo como o galho da árvore se solta da fruta madura.”

“Então cada desejo de satisfação seja mundana ou celeste chega ao seu final, do mesmo modo como a fumaça deixa de ser produzida quando o fogo é apagado com cinzas. Quando a mente está sob controle, o desejo morre e o homem alcança a condição de autodomínio. Como resultado, o falso conhecimento desaparece e o Eu adquire o poder da percepção verdadeira.”

Na verdade, o nascer do sol e o pôr do sol são simultâneos.

Eles ocorrem ao mesmo tempo, em lugares diferentes, e a mesma simultaneidade de eventos diversos acontece nos dois hemisférios da consciência humana.

O pôr do sol do eu inferior é o nascer do sol do eu superior, e da sabedoria. Quando renunciamos ou “somos renunciados” por coisas e situações, podemos adquirir uma força impessoal. Esta energia, mais elevada, não é uma “propriedade” do nosso eu superior, mas ocorre naturalmente naquele patamar de vida em que o eu superior existe. No território do altruísmo, a ilusão da posse não tem força.

Ao aprender o desapego – lição ensinada pelo outono – temos acesso ao inverno. Esta estação preside a etapa culminante de Nivritti Marga, o caminho da materialidade decrescente inaugurado pelo outono. O inverno ensina humildade, firmeza de decisão, perseverança e transcendência. Ele é o pai da primavera.

As posses e propriedades pertencem ao mundo do medo e do sofrimento, enquanto a Renúncia leva à prosperidade da nossa alma espiritual. O pensador francês Ernest Renan adotou o ideal clássico de simplicidade voluntária vivido por Francisco de Assis, e escreveu o seguinte no século 19:

“Atravessei o mundo do mesmo modo que o patriarca de Assis, sem ficar fortemente apegado a ele e – ouso dizer – como um simples hóspede. Embora não tenhamos posses materiais, tanto ele como eu somos ricos. A divindade nos deu um direito de usufruto sobre o universo, e estamos contentes de desfrutá-lo sem um título de propriedade.”

 

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É a sociedade que nos ensina a não gostar da solidão

 

É comum ver ofertas de 2×1 em jantares, cruzeiros ou em coquetéis, por isso não é estranho termos a ideia preconcebida de que para ser uma pessoa completa e desfrutar da vida precisamos ter companhia.

Portanto, são poucas as pessoas que não esperam que os outros apaguem da sua mente emocional a sensação de solidão. Tendemos a nos sentirmos incapazes de sermos responsáveis por nós mesmos, de modo que a conseqüência mais direta desse pensamento é a necessidade de procurar alguém que nos proteja.

Tendemos a associar o fato de não ter companheiro com o isolamento afetivo e social, quando na verdade não ter companheiro não é sinônimo de reclusão ou de não ter opção para ter um contato humano significativo.

Não existe uma fórmula mágica que nos ajude a superar o temor de estarmos sozinhos, mas a melhor forma de acabar como isso é começando a estar, se arriscando a sentir, a se conhecer e a caminhar sem ajuda. Tendo ou não tendo companheiro, encontrar-se consigo mesmo e desfrutar da própria companhia é essencial para o nosso bem-estar. O resto pode ou não potencializá-lo, pois é um acessório.

Portanto, como disse Maurice Maeterlinck, “o silêncio interior é o sol que amadurece os frutos da alma”. Em outras palavras, encontrar companhia em você e se apaixonar por seu eu interior é um tremendo presente a si mesmo. A partir daí, venha o que vier, pois seremos capazes emocionalmente de nos sintonizar com os outros se quisermos.

Também cabe a possibilidade de não querermos nos apaixonar por ninguém e de, portanto, desejarmos estar sozinhos para nos conhecermos mais ou vivermos experiências que, de outra forma, não seriam possíveis. Esta decisão que parece tão fácil de analisar não é simples para a maioria de nós, pois parece que, como dissemos anteriormente, nos nossos modelos é imprescindível ter um companheiro.

Seja como for, para se apaixonar por outra pessoa primeiro é preciso se apaixonar por si mesmo, o que nos conduzirá a alcançar o equilíbrio interior dentro da solidão, uma grande companheira de viagem com a qual todos deveríamos falar no transcurso do nosso trajeto vital.

 

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